Usar um material reciclado torna minha obra sustentável? Nem sempre a resposta é sim.
O cimento Portland é talvez o material de construção mais agressivo ao meio ambiente. O que faz o cimento ter esse título são três fatores combinados: a exploração de recursos naturais, sobretudo argila e calcário; o processo produtivo, que demanda muita energia e o seu grande consumo na construção civil. Por isso, o cimento é sempre o mais forte candidato a ser substituído por um outro material “verde”.
Mas, para esse substituinte ter a mesma eficiência do cimento, ele precisa passar por alguns processos que também irão demandar energia. É comum pegar um resíduo e realizar moagem, secagem e muitas vezes uma nova queima. Daí a gente substitui parte do cimento por esse material e, caso tenha o mesmo desempenho, ficamos felizes em concluir: já que ele pode substituir o cimento, é sustentável!
Mas será que podemos mesmo concluir isso? Afinal, também se gastou energia para tornar esse material aglomerante. É aqui onde entra uma ferramenta muito importante: a ACV – Análise de Ciclo de Vida. A ACV permite identificar o quão potencialmente agressivo um material é. Ela leva em conta todo o ciclo de vida do material, desde a sua extração, transporte até a fábrica, processo de produção, transporte até o distribuidor, energia gasta no armazenamento, transporte até a obra, energia no processamento da obra, energia para demolição e deposição final.
Em todo esse processo, é medida a energia gasta em cada etapa ou quanto de poluentes se lançou na atmosfera. Então, esses valores são somados, o que chamamos de energia incorporada do material. Assim, podemos confrontar materiais. Por exemplo, um tijolo cerâmico tem 2,5 MJ/kg de energia incorporada, enquanto que o bloco de adobe estabilizado tem apenas 0,42 MJ/kg. Esses valores podem mudar de acordo com a região e a forma de transporte que é utilizado.
Assim, para cravar se um determinado material é realmente sustentável, é muito importante o uso da ACV, para termos uma visão mais completa de toda a cadeia envolvida.
Para saber mais, entre em contato com a Ideal Consultoria, estamos disponíveis para te atender!
Mestre José Carlos Borba
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